Old Throne e Anti-life: Originalidade e força no Black metal!

Por Écio Souza Diniz

O Black metal, além de ser um dos estilos mais pesados do Metal Extremo, é também um dos que mais explora elementos diversificados em sua música, muitas vezes esbanjando criatividade. Esta face pode ser vista em muitas bandas mundo afora, como a clássica Bathory, regida por um único homem (Quorton) e que muito contribui para o estilo. Assim, buscando seu espaço e reconhecimento no underground meio a bandas já consagradas na cena nacional (exemplo de Amen Corner, Ocultan...), as bandas Old Throne e Anti Life, ambas incorporadas por Fernando Count Old, que fica a cargo de produzir e gravar todos os instrumentos, vem divulgando seu material de qualidade Brasil afora. Fernando veio ao Pólvora Zine, nos falar melhor sobre suas bandas; os objetivos, a divulgação, recepção do público e planos para o futuro.


Pólvora Zine: Saudações Fernando. Para começar, gostaríamos de saber, de onde e porque surgiu a idéia de trabalhar em uma “One man band”?

Fernando Count Old: Toco bateria desde meus 14 e 15 anos e desde então sempre tive a idéia de formar uma banda, mas as dificuldades e falta de interesse de outras pessoas em formar uma banda comigo era muito grande, mas nunca desanimei e no fim de 2006 surgiu a idéia de formar uma banda sozinho. Claro que no começo tive muitas dificuldades, uma delas era que nem guitarra eu tinha para começar a compor minhas músicas, mas nunca desanimei e logo comecei a pegar um violão e compor minhas músicas. Oficialmente Eu fundei o Old Throne “minha primeira one man band” em Março de 2007, mas a idéia já existia desde o fim de 2006.

P.Z: Agora falando sobre sua banda mais antiga, o OLD THRONE, que teve seu primeiro registro, a demo “O ódio é só o que resta” de 2007, como surgiu o conceito abordado neste trabalho, que moldaria um estilo próprio nos lançamentos seguintes? E qual o propósito por trás de fazer Black metal cantado em português?

Fernando: Essa demo na verdade foi um teste que depois de ser muito editada acabou saindo apenas para download. Claro que, a sonoridade não era nada boa “apesar de alguns gostarem dela”, mas foi o começo de tudo e mesmo hoje eu já estar fazendo um som mais trabalhado eu não tenho problemas em falar sobre esse primeiro trabalho. As músicas foram feitas de um modo improvisado e com poucos recursos sem falar que eu tocava guitarra a meros 3 meses e por isso a sonoridade é tão baixa. O que eu posso dizer que sobrou da sonoridade dessa minha demo nos trabalhos mais atuais foi a vontade de fazer um Black Metal simples, cantado sempre em meu idioma oficial “português” e sempre valorizando as guitarras com uma melodia própria pois, sempre foi algo que me agradou.

P.Z: O segundo trabalho do OLD THRONE, o EP “O Black metal jamais morrerá” mostra uma força dinâmica e persistente, compondo um espírito de luta e veracidade do estilo, firmado no fato de que enquanto existir o caos, dogmas, ódio e morte no mundo, existirão pra contestar tudo isso. Qual importância teve este disco pra abrir caminhos pra banda? Qual importância ele teve pra você em âmbito pessoal?

Fernando: Esse trabalho deu uma levantada na moral do Old Throne entre as pessoas que esperavam algo melhor da banda, porém, ele também não me agradou em muitos pontos, pois, a maior parte das músicas não saiu como eu queria.

As temáticas desse trabalho são meio que misturadas, pois, nesse trabalho eu abordo desde: depressão, ódio, homenagem ao Black Metal e conto um pouco da velha história do assassinato do Euronymous pelas mãos do Varg Vikernes.

P.Z: Finalmente em 2010, sai o primeiro Full-length do OLD THRONE, “Eu me arrasto para o meu próprio abismo”, que conta com ótimas composições. Como foi o processo de produção deste trabalho? Você contou com auxílio de outras pessoas durante a gravação e estúdio próprio? Como tem sido a divulgação e recepção do álbum?

Fernando: As gravações desse novo álbum do Old Throne começaram em Março de 2009 e terminaram poucos meses depois.

Uma das coisas que eu sempre gosto de deixar bem claro é que o Old Throne é algo muito pessoal então eu mesmo que precisasse eu não deixaria ninguém trabalhar comigo nas composições dessa banda, pois, o Old Throne não seria o mesmo tendo duas mentes registradas em suas letras e sonoridade. Esse álbum conta com 8 faixas em 50 minutos de músicas que abordam desde ódio, depressão e algo que possamos chamar de um certo reinado dos fortes sobre os fracos pois, eu tenho meus sonhos e quis por essa vontade de vê um mundo menos injusto na música “Na minha montanha”. Nesse trabalho eu conto com o apoio de vários amigos e o álbum mesmo ainda não tendo saído aqui no Brasil, já esta sendo bem comentado em sites e liberei algumas músicas para rolarem em webrádios de São Paulo, Pará, Paraná e também em uma rádio no Peru e Portugal.

P.Z: O álbum referido na pergunta anterior foi lançado por um selo da Costa Rica, a Viceral Vomit Records. Como foi o trabalho com eles? Esta parceria tem proporcionado uma média boa de divulgação na região circundante e na América Latina? E o que você acha da cena extrema de lá?

Fernando: A parceria com esse selo veio em uma boa hora, pois, eu já estava me perguntando se tinha algo de errado com esse trabalho para tantos selos que eu entrei em contato não mostrar nenhum interesse, mas ainda estou esperando a minha pequena parte das cópias chegarem para eu vende-las aqui no Brasil. Pelo o que a distro que esta trabalhando com esse álbum do Old Throne na Costa Rica me falou, o pessoal da Costa Rica parece ter gostado muito desse trabalho do Old Throne. Eu não sou nenhum grande conhecedor da cena da Costa Rica, mas, pelo o que eu vejo o povo da Costa Rica parece gostar muito da cena Brasileira e se depender de mim sempre terá essa amizade entre a cena do Brasil e a cena da Costa Rica.

P.Z: Basicamente como você aborda o processo de composição seguido da gravação de um disco? Em quais elementos, você se foca primeiramente pra gerar um molde pras composições?

Fernando: A maior parte de minhas letras eu compus nos cemitérios onde eu trabalhava, pois eu não fazia nada o dia todo e o local era muito inspirador para abordar temáticas voltadas para depressão e ódio.

P.Z: Falando agora sobre a ANTI LIFE, esta banda surgiu agora em 2010 e tem uma abordagem mais crua em sua sonoridade, tratando de temas voltados ao anti-cristianismo e todos os tipos de violência, enquanto que o OLD THRONE aborda mais o lado humano, tratando de ódio e depressão. O ANTI LIFE, foi formado pra servir justamente ao propósito de mostrar um lado diferente do OLD THRONE?

Fernando: Sim, o Anti Life é o meu lado irracional de ver o mundo. O Old Throne também aborda Anti-cristianismo e ódio igual o Anti Life aborda, mas, tudo que sai do Anti Life é com um ar de loucura já o Old Throne eu sempre tento mostrar as letras com um ar mais poético.

P.Z: No trabalho de estréia do ANTI LIFE, “Guerra entre aberrações”, há composições ásperas e cruas, mas ao mesmo tempo mantêm um padrão técnico e bem elaborado. Como você procurou trabalhar este equilíbrio? Foi intencional ou natural no processo?

Fernando: O Anti Life é um derivado do Old Throne com influências de bandas com uma sonoridade mais rápida tais como: Krieg, Inquisition, Tsjuder, Sargeist e Uruk- Hai (Espanha). A idéia de fazer um som mais rápido e cru foi intencional com certeza.

Pólvora Zine: Mudando novamente o contexto, fale-nos um pouco sobre seu outro projeto de Black metal, o COUNT OLD?

Fernando: Count Old é um trabalho mais voltado para músicas ambientes ao estilo do antigo Burzum. Não tenho planos de vender CDs, camisas ou comentar muito sobre esse projeto pois, ele já mostra basicamente um lado mais oculto da minha forma de fazer Black Metal e acho que ele é algo muito simples para ser comentado.

P.Z: Fale ao público como podem adquirir os CD’s de suas bandas?

Fernando: No momento estou esperando os CDs do novo álbum “Eu me arrasto para o
meu próprio abismo” do Old Throne chegarem da Costa Rica. O Anti Life no momento está procurando um selo para lançar o debut “Guerra entre aberrações” quem se interessar em trabalhar com esse debut do Anti Life é só entrar em contato comigo pelo myspace da banda ou pode me procurar no Orkut. Count Old é um trabalho que não tem fins lucrativos e a sua primeira demo “O cristianismo é um câncer cultural” esta disponível para download em um monte de blogs. Quem quiser pode baixar à vontade.
No momento que os CDs estiverem à venda eu anuncio no myspace das bandas e em outros sites.

Myspace Old Throne: www.myspace.com/countold

Myspace Anti Life: www.myspace.com/antilifeblackmetal

P.Z: Finalizando, quais são os planos para este ano? Podemos esperar por mais lançamentos?

Fernando: No momento estou iniciando as gravações de uma nova banda com um amigo do Paraná. O nome da banda é Volac e tem uma sonoridade mais técnica e em breve o pessoal vai poder escutar o Volac no myspace.


P.Z: Bem Fernando, obrigado pela entrevista ao nosso fanzine. Sucesso pra você e seus projetos.

Fernando: Muito obrigado pela oportunidade dessa entrevista e agradeço o apoio aos meus trabalhos e o seu apoio a cena Brasileira.