Resenha: Roça and roll (16 edição)-17/05-2014


Por Écio Souza Diniz
Foto: Colaboração de Mayckon Pacheco e Paty Freitas (Elegia e Canto)
 O Roça and roll hoje pode ser considerado um dos grandes festivais do Brasil. Este ano o evento completou 16 edições, cuja evolução é perceptível a cada ano, tanto em termos de estrutura e organização como do cast que o integra. Para muitos, o festival é um dos momentos mais aguardados do ano, visto que é feito para todos os públicos do Punk ao Black metal. Este ano também teve feira de vinil e vila medieval. Além, disso o clima de descontração e diversão é um bônus garantido. O Pólvora Zine pode acompanhar novamente o dia principal do evento (17 de maio) e o que rolou lá, assim como depoimentos de algumas das bandas sobre suas participações no evento você confere na íntegra aqui. 
De inicio assistimos ao show do Silent Hall, uma banda do sul de Minas que tem se destacado com seu Heavy metal através do EP Gates of conscience. A banda trouxe o público para curtir alguns de seus sons comoPrisoners of fear e a bem estruturada Sweet dreams. De acordo com o baixista Rogério: “Participar do Roça ‘n’ Roll é sempre um prazer, é muito bom mesmo! Esse ano foi especial pra gente, pois foi a primeira vez que fizemos parte do cast principal e isso se torna uma janela muito legal para as bandas. Long Live Roça ´n’ Roll!!
DESCEREBRATION

A avalanche sonora veio em forma de Death metal oldschool chamado Descerebration. Responsável por clássicos do underground nacional como Underground victory (2001) e The crusaders 666x (2007), o grupo sul-mineiro apresentou um show consistente e de postura firme. Bater cabeça foi apenas consequência em sons como Unholy war hateMetal steel sadogoat carnage eMissionaries fuzilation e The crusader 666. Que venha o próxima álbum, já anunciado há alguns meses.
Uma pegada mais alternativa mesclada ao peso do Metal foi a proposta do Made of stone, que executou boas músicas do seu debut, Day after day, como  Lie To MeDrink From Hell e Can You Feel. Ainda apresentaram a interessante Angry, uma música do próximo álbum, The Enlightened One, que está a caminho. De acordo com a banda: “o show no Roça foi uma experiencia incrível! Nunca tinha visto um festival dedicado ao Rock aqui no sul de Minas, ainda mais com essa estrutura”.
SLIPPERY
Na tenda combate acompanhamos dois shows, o primeiro da Silence Corporation, um Thrash mesclado a Hardcore e Metalcore, a lá Killswitch Engage e Hatebreed. Um destaque especial de suas músicas próprias foi Tiro frontal letal, que fez a tenda ficar pequena… “Tocar no Roça pode ser definido em duas palavras: simplesmente foda! Uma atmosfera sem comentários!”.


A segunda banda que vimos na tenda foram os lavrenses da Soul Inside, uma banda que é interessante por unir duas gerações em seus membros, ou seja, metade composta por caras das antigas na cena mineira ointentista, e a outra metade por caras mais novos que não chegam aos 30 anos. O seu Thrash/Death alavancou uma boa galera para agitar em sons comoUnholy temple e Killing you was not enough.
SOUL INSIDE
 Agora, você gosta de Hard/Heavy no melhor estilo oitentista, propagado pro medalhões como Accept, Demon, Skid Row etc? Então toma! É a excelente banda Slippery, aterrissando no palco do Roça. As músicas de seu debut, First blow, fizeram a cabeça de muita gente. Exemplos disso foram Slippery e a contagiante Follow your dreams. Segundo o guitarrista Dragão: “Não é à toa que o Roça ‘n’ Roll chegou à sua 16ª edição e vem se consagrando ano a ano como o maior evento voltado ao público Rock/Heavy metal do Brasil. A estrutura é fantástica e o tratamento oferecido às bandas por parte de toda a organização é o mais profissional e respeitoso possível. O público é a peça chave desse sucesso, participativo e receptivo como poucos.”
KAPPA CRUCIS

A aliança embriagante do Hard rock ao Progressivo e psicodélico ficou a cargo do Kappa Crucis, que mostrou um show técnico e preciso, sendo alguns dos destaques músicas do novo álbum, Rocks, como Strange soulNobody knows e a viajante What comes down. O baterista Fábio Dória afirma que: “é um evento sensacional desde o seu conceito. Grandes bandas se apresentam ou se apresentaram por lá. Há uma diversidade de propostas musicais e é uma oportunidade de interação entre as bandas, o público e todos os demais que fazem parte do cenário do Heavy Rock no Brasil. Fizemos nossa apresentação e a reação do público foi ótima”.
OLHO SECO

O som rasteiro do punk/hardcore foi a marca deixada pelos veteranos doOlho seco. Um show que foi propicio para agitar moshs insanos, bater cabeça e cantar em coro. A banda como um todo atuou de forma bem interativa, mas o destaque ficou a cargo do vocalista Fábio que puxou a moçada para ajudar a quebrar tudo.



SILENT CRY

A tarefa de propagar a vertente mais obscura e profunda do Metal, o Doom metal, foi dada ao Silent Cry. E olha, não decepcionou nem um pouco. Uma veterana no estilo no Brasil, a banda liderada pelo guitarrista e vocalista Dilpho Castro tem seu nome marcado por grandes álbuns como Remembrance (1999) e Dark life (2005). A atuação revezada de Diplho nos vocais guturais e limpos e da vocalista Joyce Vasconcelos mostraram bons resultados. Quem é fã do estilo mergulhou em sons como Sweet Serenades eRemembrance To The Future. Para Dilpho: “Um evento neste formato, com tantas bandas, possui muitas variáveis negativas, porém, funcionou super bem, a organização merece palmas por isto. Sem contar ver um grande galera de preto em pleno interior de minas foi lindo. Pra mim o Roça já é o Waken brasileiro”.
CENTURIAS
E quem pediu clássico da época áurea em que se fazia Metal cantado em português? O Centurias veio atender de forma fidedigna esse pedido. Para começar a postura de Nilton “Cachorrão” Zanelli segurando uma plaqueta semelhante à de transito, indicando proibido posers é algo que nos dá orgulho. Além de terem tocado clássicos comoCidade perdidaGuerra e pazArde Como Fogo / To HellDuas Rodas e Metal comando, a banda ainda mandou som do novo EP, Rompendo o silencio (2013), a forte Ruptura necessária. Cachorrão enfaticamente falou que: “A expectativa para o show no Roça ´n´ Roll era a maior possível. Foi a nossa primeira vez em Minas Gerais e queríamos deixar uma boa impressão para o público mineiro. Na hora do show tudo colaborou, o público estava presente e apoiando, o som estava muito bom e estávamos felizes no palco”.  
PROJECT 46
Outra bala contida para ser descarregada estava com o Project 46, hoje um dos nomes mais representativos do Metalcore nacional. Recentemente com o segundo álbum, Que seja feita a nossa vontade, em mãos a banda fez um show digno de nota. Nervoso, intransigente e participativo! O vocalista Caio MacBessera não parava quieto no palco e instigava o público a detonar geral. Alguns dos tiros certeiros foram Em nome de quem?Erro + 55Capa de jornalCaos renomado e Impunidade. A banda comenta sua satisfação: “O show foi incrível, ele foi o primeiro show depois do nosso show de lançamento em São Paulo. A estrutura era de ponta e a organização de primeira, o que nos deu a oportunidade de quebrar tudo, fazer um show insano e conhecer muita gente boa!!”.
ANGRA
Quem esperava para ver os duendes mineiros doTuatha de Danann definitivamente de volta à ativa conseguiu o que queria. E, diga-se de passagem, não eram poucos (Risos). Como sempre o show teve uma massa grande de público participando, cantando junto e dançando como celtas (Risos). Além das obrigatóriasBelieve it’s trueThe last words e Finganforn, ainda foram tocadas Us (do primeiro álbum, que não é sempre tocada) e uma canção nova, We’re back, do vindouro EP da banda a ser lançado ainda este ano.
ANGRA

Este ano o Glitter Magic se apresentou num palco principal. Isto foi resultado da boa receptividade que obteve na edição anterior, tocando na tenda combate. As músicas que unem Hard rock e AOR surtiram efeito numa parcela boa de público. O set foi basicamente composto por músicas do debut Bad for health. O guitarrista Luqui conta sobre o saldo do show: “Ficamos muito satisfeitos com a resposta do público. Ainda hoje temos recebido muitas mensagens de pessoas que foram pra nos ver e outras que nos conheceram e passaram a nos seguir após o Roça ‘n` Roll. Esperamos voltar para divulgar nosso novo CD em breve”.    
O show do Angracertamente estava entre um dos momentos mais aguardados da noite. Um dos grandes representantes do Metal nacional a nível mundial, a banda se mantem firme na divulgação do CD/DVD Angels Cry – 20th Anniversary Tour (2013) e também mostrando a atuação com o posto de vocal comandado por Fábio Lione (Rhapsody of Fire, Vision Divine e outros). A apresentação foi bastante completa, abrangendo um set list bastante diversificado. Alguns destaques ficaram a cargo de Angels cry,Nothing to sayLisbonMillenium sunNova eraWaiting silence e The voice commanding you. De quebra mandaram ver em Gentle change Make believe. Apesar de muitos ficarem inquietos pela ausência de Carry on no fechamento do show, o saldo foi bastante positivo. A comunicação de Fábio com o público se mostrou descontraída. Mais algum tempo e o português dele estará firme (Risos). O guitarrista Rafael Bittencourt comenta a participação da banda no festival: “Esta foi minha segunda vez no Roça ‘n’ Roll que, para mim, é um orgulho nacional. Está cada vez maior, melhor organizado e trem toda a essência dos grandes festivais de Heavy Metal do mundo. Reúne um público realmente amante de Rock e Metal com bandas de todo o Brasil e ainda, traz grandes nomes internacionais. Foi muito divertido. Revi os amigos de muitos anos como o Korzus, Centúrias e fiz novas amizades. O show do Project 46 matou a pau e, para mim, foi um dos highlights do evento. Longa vida ao Roça ‘n’ Roll!”
ROTTING CHRIST

Os apreciadores de um bom e fiel Black metal saíram ganhando com a entrada em cena do Rotting Christ. Uma banda singular pela mescla de elementos (instrumentais e líricos) da cultura foi outro ponto alto do evento (opinião inclusive, deste que vos escreve, que por sinal é fã da banda). A turnê atual divulga o obscuro álbum kata ton daimona eaytoy (2013). O duo Sakis Tolis (guitarra e vocal) e Themis Tolis (bateria), juntos de George Emmanouel (guitarra) e Van Ace (baixo) tornou o ambiente simplesmente instigante, parecendo que você estava numa batalha entre deuses e titãs. Embora, o show como um todo foi muito eficiente, inclusive na comunicação de Sakis com o público, vale destacar sons como Athanati esteKing of stellar warThe sign of evil existence e The sign of prime creation (pra mim a mais esperada). Faltaram clássicos aqui e acolá, casos de álbuns como Kronos (2000) e Genesis (2002), mas não é o suficiente para reclamar.
KORZUS

Após um dia e noite de muita sonzera, chapação e agito ainda sobrou energia em muita gente para assistir ao Korzus fechando com garra mais esta edição do Roça. Marcelo Pompeu já iniciou o show com os simples dizeres: “Fomos escalados, visto que turnê do Death Angel foi cancelada. Eu quero que eles se fodam. Jogaram a bola pra mim e eu agarrei”. E agarrou mesmo. Afinal, alguém já assistiu a algum show mediano desta banda? Eu por sorte não. Esta foi a terceira vez que a banda se apresenta no festival. Além do obrigatório mosh suicida de Wall of death, pedradas Thrash como CatimbaCorreria e Agony.
            Além de muito som de qualidade, também foi muito bacana a feira de vinil, para os apreciadores lúdicos (como eu) deste formato, e a vila medieval na qual havia artefatos e roupas típicas, alvo para praticar arco e flecha, e apresentação teatral de luta típica pelo grupo Ordo Draconis Belli. Preciso dizer algo mais sobre este festival? Não? Então, compareça a próxima edição!