CLAUSTROFOBIA: a peste deixa ainda mais rastros!


Por Ramon Teixeira
 Surgida em 1994, e com a mesma formação desde 1996 – compõe a banda desde então os irmãos Marcus D’Angelo (vocal/guitarra) e Caio D’Angelo (bateria), Daniel Bonfogo (baixo) e Alexandre Orio (guitarra) – o CLAUSTROFOBIA desponta como uma das principais bandas brasileiras de Thrash/Death metal. Dando continuidade ao costume de cantar músicas em português – desde a demo Saint War (1995) – em 2011 a banda inova e lança Peste, disco todo cantado em nossa língua nativa. Atualmente prestes a lançar o Visceral, primeiro DVD em 20 anos de carreira, o vocalista e guitarrista Marcus banda conta um pouco para o PÓLVORA ZINE sobre a carreira e sobre o excelente momento que a banda vive atualmente.
Pólvora Zine: Ano passado vocês relançaram o disco Peste (2011) com três músicas inéditas. Qual foi a motivação para o relançamento?
Marcus D’Angelo: Na verdade tivemos dificuldades de toda ordem no lançamento do Peste, mesmo assim foi muito bem recebido pelos fãs e pela critica. Devido a essas dificuldades resolvemos reestruturar os bastidores para podermos desenvolver um trabalho mais confortável depois de tantos anos na luta, então resolvemos relança-lo com esses bônus. Outro motivo foi que a primeira prensagem estava esgotada. Precisávamos repor.  
P.Z.: Existe previsão para o lançamento de um novo disco?
Marcus D’Angelo: Você sabe, aqui no Brasil tem sempre um “delay” de mínimo 6 meses em tudo que se planeja, estamos nos esforçando pra lançarmos esse novo álbum no segundo semestre deste ano. O álbum foi produzido pelo Russ Russel (NAPALM DEATH, EXPLOITED, DIMMU BORGIR, NEW MODEL ARMY, etc) que veio ao Brasil exclusivamente pra nos atender. Gravamos tudo em duas semanas, no Norcal Studios, em São Paulo. O álbum já esta em fase de mixagem.
P.Z.: Em fevereiro do ano passado vocês lançaram o polêmico videoclipe para Bastardos do Brasil que expressa problemas sócio político-econômicos do país. De lá pra cá, mudou alguma coisa? Comente a atual situação do Brasil.
Marcus: Na verdade, essa música toca mais na moral do que na própria política em si, é mais no reflexo da política na sociedade, o brasileiro esta cada vez mais burro, vulgar e alienado devido à manipulação dos valores humanos. De lá pra cá, mudou sim, está cada vez mais escandalosa toda corrupção e decadência da moral. Não acreditamos mais em nada, em nenhum partido. Ninguém é obrigado a entender de política, somos parte do povo, normal, queremos trabalhar, viver e não apenas sobreviver sendo explorados. Nem tem muito o que ser dito,  pois é uma vergonha e as pessoas cada vez mais hipócritas e felizes cada um vendo apenas o seu próprio lado e julgando cada vez mais ao invés de evoluir. Com certeza, existem exceções, porém, a parte ruim está ganhando de lavada.
P.Z.: Recentemente vocês divulgaram uma prévia do que será o DVD Visceral com vídeo de Metal malóka no Peste Fest. Conte um pouco sobre o que encontraremos nesse primeiro DVD da banda.
Marcus: Basicamente terá como show principal o “Peste Fest”, que foi um festival organizado por nós mesmos e que ditou as novas regras dentro da banda e fechou um ciclo. Essa captação de áudio bem como a mixagem foi feita pelo Ciero do Da Tribo Studios o qual gravou três álbuns do CLAUSTROFOBIA incluindo o Peste. Foi Masterizado por Brendan Duffey no Norcal Studios em SP e terá também uma espécie de documentário de imagens de 01h40 mostrando um pouco essa historia, com cenas jamais reveladas, desde 1994 até aqui. Terá alguns extras como a musica Nota 6.66 tocada com o grupo de samba de raiz Batuque de Corda que são nossos amigos de infância da Casa Verde, bairro da zona norte de SP, do futebol, escola etc. Também terá Duas musicas do “Street Rock” de 2005 que foi um dos shows mais violentos da historia banda. Todos os vídeoclipes. Toda produção do DVD foi do Studio Kaiowas de Campinas, empresa que esta junto conosco há 10 anos.

P.Z.: Como foi gravar a faixa Vida Animal/Aids, Pop, Repressão para o tributo ao RATOS DE PORÃO, Ratomaniax (2013)? Como surgiu o convite?
Marcus: Uma Honra! O RATOS DE PORÃO, pra mim pelo menos, é uma das bandas mais foda do planeta. Uma influencia gigantesca no nosso som e atitude, são sobreviventes e depois de 30 anos continuam lançando álbuns matadores. Entraram em contato fazendo o convite, já tocávamos essas duas musicas emendadas desde muito anos atrás, aí falamos: “estamos dentro mas tem que ser essas duas (Risos) eles toparam e gravamos no nosso próprio estúdio”. Ratos é referencia total, respeito total!
P.Z.: Em setembro do ano passado você participou de uma jam com o CAVALERA CONSPIRACY junto a veteranos do metal nacional como Alex Camargo (KRISIUN) e Antonio Araujo (KORZUS) no Metal Manifest. O que esse momento representou para a banda?
Marcus: Mais um sonho realizado. Max Cavalera junto com Andreas Kisser moldaram meu estilo de tocar guitarra e o vocal. Foi uma loucura, não combinamos nada, só sei que devido a uma mijada no banheiro encontrei um amigo que me levou até o palco. De repente eu estava ao lado do palco cheio de cerveja no crânio, e foi bem na hora da Jam Session que ia rolar com o Alex e o Antonio. O produtor foi até o Max e disse que eu estava lá, como me encontrei com o Max duas vezes e sempre envio o material do CLAUSTROFOBIA, ele me chamou. Mas até então eu estava me sentindo um intruso, até ele anunciar o nome do CLAUSTROFOBIA, aí eu fui pra cima. Eu estava emocionado demais, ainda mais ao lado do Alex Camargo que é um monstro do Death Metal e do Antônio. Resumindo esse momento representou que estamos no lugar certo no momento certo e tudo tem sua hora, e foi um presente por tantos anos de devoção a musica pesada. Com certeza um dos momentos mais felizes da minha vida.
P.Z.: O CLAUSTROFOBIA como algumas bandas de Metal brasileiras transitam do underground aos palcos mainstream com o mesmo respeito e atitude. Comentem.
Marcus: Tocamos por que amamos, é mais que uma diversão, é um compromisso e durante esses anos o negocio foi ficando sério e com muitos seguidores. Então não importa, ninguém vai pagar de gatinho, o negocio é som na caixa não importa pra quantas pessoas. Se subirmos no palco em nome do CLAUSTROFOBIA o respeito e entusiasmo será sempre o mesmo, seja no amor ou no ódio.
P.Z.: Como vocês avaliam o cenário do Metal nacional atual?
 Marcus: Está legal e estável, eu adoro o Metal feito no Brasil, em todas vertentes tem algum representante de nivel, o underground esta cheio de moleques que tocam muito, o publico esta legal também, tem uma nova geração mais rockeira chegando aí e sem preconceito. Agora é só tirar um pouco o rabo da internet e cair na estrada, pois é dai que separa quem é heabanger e quem não é. As bandas nao duram muito por que nao vale a pena, galera acaba brigando e chorando de barriga cheia, reclama pra caralho e nao superam as dificuldades, os desgastes. Reclamam disso e daquilo, mas gastam grana com outras coisas. Então antes de falar bosta escolha sua prioridade. O tempo dirá quem sobreviverá. Mesmo praguejando aqui no final, eu ainda escuto muito Metal Brasileiro (Risos).
 P.Z.: Obrigado pela entrevista. A palavra está aberta agora para vocês dizerem o que quiserem aos fãs.
Marcus: Agradeço de coração a todos que dão suporte ao Metal, todos que trabalham e guardam um pouco do seu dinheiro suado pra apoiar as bandas, seja indo em shows, comprando material etc. Isso significa muito e faz as coisas acontecerem. O Brasil ainda está aprendendo muita coisa, e tem talento de sobra, não vamos amansar jamais, terceiro mundo nos obriga a ser três vezes mais fortes. Este ano começa uma nova era pro CLAUSTROFOBIA e vamos dar nosso melhor pra fazer a cabeça de quem curte todos os tipos de Metal e som pesado em geral. Mantenham a fé e a honra nesse planeta em desordem! CLAUSTRUTH!!!