HEREGE: Por um mundo melhor, justiça e liberdade!


Por Ramon Teixeira
Natural de Iúna-ES, a banda HEREGE se propõe a fazer um Metal Punk/ Grindcore direto e sem rodeios com letras políticas. Formada por Renan Pesadelo (vocal e guitarra, ex-BONEGRIND e FACÇÃO TERRORISTA), Davi “Homem Bomba” Ambrósio (baixo) e Juliano “Herege Maldito” Freitas (bateria, ex-KAOS SOCIAL, HYPOCRISIA e FACÇÃO TERRORISTA) e desde abril deste ano na ativa, a banda acaba de lançar a Demo-Ensaio Inocentes (2015) e após o primeiro show de divulgação do registro no Tribus Festival Brasil 2015 os integrantes da banda falaram com exclusividade ao PÓLVORA ZINE sobre a trajetória, o recente trabalho e sobre o momento que vive a banda.
 Pólvora Zine: Como e quando surgiu a banda?
Pesadelo: A banda surgiu das cinzas da banda FACÇÃO TERRORISTA. Tínhamos um baixista que morava em Cataguases e estava difícil de conciliar a agenda de ensaios, porque ele morava muito longe. Dessa forma, entramos em acordo e chamamos o Homem Bomba e montamos a banda.  

Herege Maldito: O Homem Bomba chegou para complementar a banda, porque tínhamos um show marcado e não estava sendo possível do antigo baixista ensaiar. E essa parceria deu certo pela questão do tempo disponível por morarmos na mesma cidade e com o objetivo continuar a banda, com letras políticas, então o Homem Bomba veio e somou conosco.
P.Z.: Recentemente vocês lançaram a Demo-Ensaio Inocentes (2015). Contem como se deu esse processo?
Herege Maldito: A Demo-ensaio foi gravado no estúdio lá em casa onde ensaiamos. Gravamos com uma câmera mesmo, algo bem artesanal. Tudo foi gravado em Iúna mesmo no que chamamos de Estúdio Blasfêmia Records. O registro foi todo produzido pela banda. E hoje está sendo o primeiro show de lançamento deste trabalho.
P.Z.: O som de vocês é calcado no Metal Punk/Grindcore. Quais são as principais influências da banda?
Pesadelo: Eu escuto muito NASUN, DISRUPT, F.U.B.A.R., enfim, escuto mais grindcore.
Homem Bomba: BRUJERIA.
Herege Maldito: ASESINO, NAPALM DEATH nos seus primórdios com aquele som mais seco. Nós também nos influenciamos muito por algumas bandas que tocam no Obscene Extreme Festival (um dos maiores festivais voltados ao grindcore do mundo). 
P.Z.: A temática da banda é politizada e focada na crítica e na denúncia de uma série de mazelas sociais. De onde vem a inspiração para a parte lírica da banda?
Pesadelo: Nós temos estudado muito a parte política. Eu cresci em meio a movimentos revolucionários e a banda tem o objetivo de conscientizar a humanidade que ela está muito caótica. Nós tentamos colocar o máximo possível de ideias na cabeça das pessoas para que o mundo melhore, porque hoje nessa sociedade que vivemos torna-se difícil que as pessoas tenham um posicionamento político definido, geralmente essas pessoas são taxadas como doidas. Eu por exemplo, sou fissurado em zapatismo, cresci lendo sobre o zapatismo, ouvindo som de caras que eram zapatistas.
Herege Maldito: Eu já curto livros de filosofia, estou estudando Richard DawkinsCurto muito Nietzsche, Schopenhauer. Enfim, da minha parte me influencio mais por essa parte filosófica. Como ateísta encontro nesses livros um pouco sobre a sociedade que vivemos. É importante saber questionar e não só ouvir ou ser guiado pela mídia, pela televisão. Nós ficamos por fora disso. O anarquismo, os filósofos que lemos, usamos como escudo para saber questionar e ir contra o que está errado ou o que é feito de errado com o povo no mundo inteiro.
Pesadelo: Nós procuramos sair do que a sociedade nos impregna. Nós lutamos pelos nossos ideais. Nós abrimos nossos olhos e o que aprendemos, tentamos passar para as pessoas para conscientizá-las.  
P.Z.: Vocês são uma banda de Iúna-ES. Comentem a cena metal capixaba.
Herege Maldito: Pra falar a verdade eu trabalho já há um tempo na cena, desde a KAOS SOCIAL. E posso dizer que hoje a cena capixaba está bastante escassa. Pra falar verdade ela não existe, por exemplo, nós moramos numa cidade de 29 mil habitantes e você conta a dedo 15 a 20 pessoas que apoiam verdadeiramente a banda. E dos 20, uns 5 se identificam com o som. A cena esta bem escassa de tipo de bandas de mais atitude, autorais, que colocam a cara a tapa como a gente faz. No Espírito Santo hoje, pelo menos no sul do estado, somos a única banda que faz esse tipo de som.
Pesadelo: Vou falar da galera. A gente já passou por várias coisas, sofreu pra caramba para estar onde está e vejo que a galera da nossa região é muito individualista. A cena é muito desunida. O que sempre falo, nós lutamos pela mesma causa, não somos melhores que ninguém, e outra era para ser mais unida a cena.  A gente luta por um mundo melhor, por justiça e liberdade e não dá para se portar de forma individual, e onde moramos, por exemplo, é foda ter uma banda, todo mundo critica, você tem que correr atrás por si próprio, pois ninguém ajuda em nada. Vou até dizer uma frase do Zapata: “Para mim nada, para nós tudo”.
Homem Bomba: Lutamos pela causa de todos e as pessoas deveriam compreender isso.
 P.Z.: A palavra é de vocês.
Pesadelo: Quem acredita em seus ideais, sejam elas quais forem, corram atrás e lutem, lutem até a morte, pois nunca será em vão a luta.
Herege Maldito: Vamos tirar as mordaças, os tapa-olhos e vamos enxergar a era que não só o Brasil, mas o mundo está vivendo. A questão da corrupção, os políticos e a religião tentando dominar o mundo. Temos que pensar no bem de todos, pra sempre termos respeito.